É mais um exemplo de um movimento que já inclui outras grandes multinacionais, como Telefônica, GE e IBM. Com as perspectivas de crescimentos econômico e novos negócios abertos pelo pré-sal, a Copa e a Olimpíada, a Siemens entende que a área de P&D terá papel importante para dar suporte às vendas. Em especial como diferencial na concorrência com chineses, agressivos em preço.
Mas a instalação de novos centros segue também uma lógica mais antiga que a ascensão da China como potência exportadora, a da escala de produção e da necessidade de adaptaçãode produtos desenvolvidos lá fora para as necessidades locais. "Fazemos P&D no Brasil há 40 anos. De modo geral, primeiro vem a fábrica, depois é feita a transferência de tecnologia e são criadas equipes de engenharia.
O passo seguinte é ter uma unidade de P&D." Nos últimos quatro anos, a Siemens investiu em média R$ 150 milhões por ano em expansão no país. E tem como meta manter a média, pelo menos em 2011. No final do ano passado, Adilson Primo, presidente da companhia no Brasil, disse que há estudos para a construção de pelo menos "duas ou três" fábricas neste ano, uma de aero-geradores, outra provavelmente voltada à área de óleo e gás. Segundo Dauscha, tradicionalmente, a pesquisa e desenvolvimento da Siemens no Brasil é muito forte em quase tudo relacionado à energia transformadores, turbinas, capacitores de alta tensão e corrente contínua, etanol e óleo e gás.
E tende a crescer nessa mesma direção, para acompanhar o crescimento do país em áreas chaves, como açúcar e álcool, mineração, óleo e gás e energias renováveis. "Isso tudo vai acarretar, no curto e médio prazos, novos centros de P&D, com certeza", diz. Hoje, a companhia mantém no país seis centros do gênero.
Dois deles estão em Jundiaí, no interior de São Paulo, onde fica um dos principais centros de produção e serviços da Siemens. Lá são fabricados equipamentos como turbinas eólicas, transformadores e capacitores de alta tensão.
Há unidades também em Manaus, dedicadas a equipamentos para automação industrial; em Porto Alegre, onde são desenvolvidas pesquisas sobre componentes e equipamentos elétricos e toda a área de automação predial. O Rio de Janeiro é a sede do centro de pesquisas em óleo e gás e, São Paulo, o da equipes dedicadas a tecnologias de eletro-medicina. O executivo não fala qual o orçamento da área, nem o número de funcionários ligados aos centros de P&D no Brasil.
Mundialmente, porém, a companhiainveste cerca de 5,5% da receita na manutenção de uma estrutura que emprega cerca de 30 mil pessoas e gera uma média de 28 patentes por dia. No ano passado, o percentual representou cerca de € 3,9 bilhões.
Se aplicado ao Brasil, o orçamento da área na Siemens hoje estaria em cerca de R$ 250milhões. Levando-se em conta que a companhia quer dobrar as vendas no país até 2015, a soma poderia chegar aos R$ 500 milhões, em quatro anos.
Fonte: Brasil Econômico
Data: 15/03/2011