A indústria brasileira de vagões deverá ter nesta a melhor década da sua história, superando os anos 70 quando chegou a produzir 30 mil unidades. Segundo Vicente Abate, presidente da Abifer, Associação Brasileira da Indústria Ferroviária, a entidade projeta fabricar 40 mil vagões de 2010 a 2019, média de 4 mil unidades por ano.
"A expansão do sistema ferroviário, que até 2020 poderá alcançar até 41 mil quilômetros de extensão, a necessidade de repor e modernizar a frota de vagões e o potencial de crescimento de transporte de containeres por ferrovias justificam a nossa expectativa".
O setor se recuperou bem da crise: em 2010 foram produzidos 3,3 mil vagões, acima das estimativas da Abifer, que projetava de 2 mil a 2,5 mil unidades. O volume é mais de três vezes superior ao de 2009, quando saíram das linhas brasileiras apenas 1 mil vagões. "A reação foi maior do que esperávamos. Além disso houve o PSI, Programa de Sustentação do Investimento, que ajudou a alavancar os pedidos."
Abade afirma ainda, sobre o PSI, que a entidade está pleiteando junto ao governo a prorrogação do benefício, cujo encerramento está previsto para o próximo 31 de março.
Para 2011 a Abifer acredita em produção de cerca de 5 mil vagões, marca próxima do segundo melhor ano da história da indústria – em 2008 foram produzidas 5,1 mil unidades, volume inferior apenas a 2005, quando o Brasil entregou 7,6 mil unidades. A partir de então, acredita, o setor se estabilizaria na casa de 4 mil A produção de locomotivas também está, sem trocadilhos, a todo vapor: no ano passado foram 65 unidades, o maior volume desde 1982, 95 locomotivas – volume que deve ser superado em 2011, pois a expectativa é produzir cem unidades.
Abate afirmou que a demanda reprimida por locomotivas é ainda maior que a por vagões, pois a falta de investimentos nos últimos vinte anos praticamente congelou a indústria, "que renasce e começa a atrair novos competidores".
O presidente da Abifer disse que as locomotivas atualmente produzidas podem transportar mais produtos com menor consumo de combustível e emissões de poluentes. "Hoje transportamos até 35% mais minério de ferro consumindo 30% menos combustível, além de tempo de descarga bem inferior".
O segmento de carros de passageiros registrou em 2008 produção de 447 unidades, com ligeira queda em 2009, para 438 carros, e outra em 2010, para 421. "Não considero queda mas sim estabilidade. Neste ano devemos produzir 450 unidades."
A crise não atingiu o setor, que seguiu exportando seus produtos para os metrôs de Nova Iorque, Santiago e Buenos Aires, dentre outros, além de abastecer os projetos locais. O problema, diz Abate, é a concorrência que considera desleal com produtos coreanos e, principalmente, chineses, que chegam com isenção tributária.
"Estamos conversando com o governo. Não pra proteger o setor, mas para ao menos garantir isonomia na concorrência."
Fonte: www.gedore.com.br
Data: 27/01/2011