A Elektro era o ativo mais cobiçado e mais caro entre todos os que estão sob o guarda chuva da AEI. A aquisição será estratégica para os negócios dos espanhóis da Iberdrola no Brasil. A empresa é sócia da Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, na Neoenergia e ganha com a Elektro musculatura e peso para não ser engolida pelo fundo de pensão, que também é um dos principais acionistas da CPFL Energia.
A CPFL estava na disputa para comprar a Elektro, distribuidora que é praticamente extensão de sua área de concessão, mas não foi páreo para a "fúria" espanhola, como dizem algumas fontes em referência à seleção campeã do mundo de futebol. Alguns executivos contam que a proposta da CPFL pela Elektro era bastante agressiva.
A ideia inicial do grupo espanhol era que a própria Neoenergia adquirisse o ativo. Mas em função do conflito de interesses da Previ, toda a negociação foi feita diretamente pelo grupo espanhol. Ainda existe o desejo da Iberdrola de transferir a Elektro para a Neoenergia, para ganhos de escala com as distribuidoras da empresa que ficam no Nordeste. Os espanhóis sabem, entretanto, que isso tomará tempo e muita negociação, mas já é considerada moeda de troca na resolução do conflito da Previ. Em diversos negócios, o fundo de pensão tem visto suas duas principais empresas disputando entre si, destruindo valor ao fundo.
Todo esse movimento espanhol frustra os planos da Camargo Corrêa, que é sócia da Previ na CPFL. O grupo tem forte desejo de se tornar agente consolidador do setor de distribuição e tem ainda a simpatia do fundo de pensão e do governo brasileiro. A ideia da fusão de CPFL e Neonergia agradava os dois sócios, mas não os espanhóis. Desde que começaram os boatos da formação da superelétrica numa fusão das duas companhias, a Iberdrola Desde que começaram os boatos de que o governo federal tinha interesse em formar uma superelétrica com a união de Neoenergia e CPFL Energia, os espanhóis começaram a reagir no país. Só no ano passado, a empresa que era tida como o entrave no crescimento da Neoenergia, aprovou uma série de investimentos agressivos. A Neoenergia entrou em Belo Monte, com 10% do capital, aprovou a menor tarifa da história dos leilões, em Teles Pires, e ainda foi extremamente agressiva no leilão de eólicas, sendo uma das maiores vendedoras de energia.
Além da CPFL, o BTG Pactual entrou na disputa pela Elektro. O banco, com bom transito na Cemar, da Equatorial (Vinci Partners), negociava uma fusão com a Cemar. Mas a entrada do BTG no processo pegou a CPFL de surpresa, já que a instituição é mandatária de outros negócios da empresa de energia.
Há anos a Ashmore negocia a venda da Elektro. A própria CPFL já esteve muito perto de adquirir a distribuidora por diversas vezes. No Brasil, a AEI continuará dona da termelétrica Cuiabá, que hoje sofre por falta de abastecimento de gás natural, e de gasodutos que ligam Brasil a Bolívia.
A AEI Energy é uma espécie de condomínio que reúne alguns fundos de investimentos e está sediada nas Ilhas Cayman. A empresa tem ativos de energia espalhados pelo mundo e segundo comunicado diz que vai reorganizar seus ativos que restaram na Asia, América Central e Caribe, e América do Sul. Além disso, vai continuar com o desenvolvimento de projetos na Guatemala, Peru, Argentina, Chile e China. Os negócios que restou em sua carteira representam cerca de 2.236 MW e com capacidade de geração de caixa de cerca de US$ 190 milhões.
Além da Elektro, a empresa vendeu a Promigas na Colômbia para a Empresa de Energia de Bogotá, Corporacion Financiera Colombiana e dois fundos de investimentos. No Peru, também a empresa de Bogotá comprou a Calidda, distribuidora de gás natural. No vizinho Chile, as distribuidoras Chilquinta e Luz del Sur foram vendidas para a Sempra Pipelines & Storage. A distribuidora ENSA ,no Panamá, e DelSur, em El Salvador, ficaram com a colombiana Empresas Públicas de Medellin. A EDEN e a Emdersa, na Argentina, passaram para ao controle da Pampa Energia. Já empresa de geração ENS, na Polônia, foi vendida para o grupo Kulczyk.
Fonte: Valor Econômico
Data: 20/01/2011
Setor : Elétrico