O anúncio que a CSN fez hoje na Bovespa de aumento de participação na mineradora australiana Riversdale Mining Limited foi mais um de uma série de investimentos revelados ao mercado nos últimos três meses.
Em dezembro, a siderúrgica confirmou ter fechado um acordo prévio para a compra de duas usinas de aços longos e uma fábrica de cimento do Grupo Alfonso Gallardo, na Espanha; em janeiro, a notícia foi a ampliação da participação da empresa na sua concorrente Usiminas. A empresa tem cacife para as compras: a siderúrgica informou ao mercado que obteve um empréstimo de R$ 2 bilhões na Caixa Econômica Federal e tinha em caixa, no final do terceiro trimestre do ano passado, R$ 11,5 bilhões.
A ampliação de participação da Riversdale implicou investimentos de 76.340.826,64 dólares australianos, que correspondem R$ 128.351.831,83. A compra das duas usinas de aços longos e da fábrica de cimento do Grupo Alfonso Gallardo deve ficar em 382 milhões de euros, o que corresponde a cerca de R$ 830 milhões - menos da metade do empréstimo anunciado pela CSN.
O negócio foi anunciado no dia 10 de janeiro, e há poucos dias o Grupo Alfonso Gallardo afirmou que está concluindo um plano estratégico que inclui a conclusão da venda das três unidades fabris para a CSN ainda no primeiro trimestre de 2011. O negócio está atualmente em fase de auditoria e a CSN não comenta o caso. Não foi informado o valor da compra das ações da Usiminas.
Do ponto de vista das possíveis estratégias da empresa, as três aquisições parecem ter motivos diferentes. O antracito produzido pela Riversale é importante para a produção de aço na CSN, já que é um dos ingredientes do coque. Assim, ter uma participação significativa em uma empresa que extrai esse produto ajuda a garantir quantidade, qualidade e bom preço para essa matéria-prima.
O negócio com o Grupo Alfonso Gallardo é, aparentemente, um movimento para estabelecer uma posição mais firme na Europa e consolidar o processo de internacionalização da empresa. O fato de as duas usinas siderúrgicas produzirem aços longos e de estar sendo também comprada uma fábrica de cimento mostra o interesse em um mercado em que a CSN já está se lançando no Brasil: o da construção civil.
A compra de ações da Usiminas pode ser vista simplesmente como uma forma de ganhar algum dinheiro com a futura valorização das ações da empresa, já que o mercado considera que as ações de siderúrgicas brasileiras, em geral, estão subvalorizadas. Mas pode haver outros objetivos, inclusive abrir caminho para uma futura fusão ou parceria estratégica.
Investimentos locais
Além das aquisições no exterior, a CSN também faz investimentos no chamado "crescimento orgânico" - a expansão das atividades da empresa. Já estão em andamento diversas iniciativas destinadas a aumentar a produção e exportação de minério de ferro, enquanto a fábrica de cimento em Volta Redonda está operando e a usina de aços longos tem previsão de inauguração para o segundo semestre do ano que vem.
Um contrato fechado pela CSN com a Construtora Norberto Odebrecht é motivo de especulações. A empresa não revela à imprensa qual é o objeto do contrato, mas há informações sobre uma mobilização da Construtora Norberto Odebrecht para um contrato com cinco anos de duração na Usina Presidente Vargas. Uma das fontes mencionou que o contrato incluiria a construção de treze grandes torres, sem informar de que tipo de torre se trata.
Pode ser algo relacionado a uma mudança na forma de alimentação de energia elétrica para a CSN. Há alguns anos, foi feita uma audiência que mencionava a construção de uma nova subestação da Light (ou de Furnas, não tenho certeza) que tiraria da atual subestação da Light em VR a responsabilidade pelo fornecimento de energia à CSN e desafogaria aquele equipamento, que segundo informações estaria no limite da capacidade.
No entanto, cinco anos é um prazo de execução longo demais mesmo para uma subestação desse porte. Uma possível expansão da capacidade de produção da UPV - sem considerar Aços Longos, que já está com as obras bastante avançadas - seria mais provável. Outra possibilidade são as obras do TAC Ambiental recentemente fechado com o governo do Estado do Rio. Há ainda a hipótese de o contrato ser para manutenção, o que explicaria o prazo longo. A CSN afirmou que não comentaria o assunto, por se tratar de um contrato interno.
Fonte: http://diariodovale.uol.com.br
Data: 09/02/2011