Data: 28/10/2010
Por Brian Ellsworth e Marcelo Teixeira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A mineradora Vale anunciou nesta quinta-feira que irá investir um montante recorde de 24 bilhões de dólares em 2011, praticamente dobrando o volume estipulado para 2010, que foi de aproximadamente 13 bilhões de dólares.
Os recursos de investimento previstos para o ano que vem são também 125 por cento superiores aos que a companhia investiu nos 12 meses até o final de setembro de 2010.
O plano de investimentos, que contrasta fortemente com o período logo após a crise de 2008, quando ela cortou gastos, marca uma aceleração pela empresa no desenvolvimento de vários projetos que devem elevar fortemente sua produção, como reflexo da aposta que faz no desenvolvimento de economias emergentes, sobretudo na Ásia.
"Os mercados (para os nossos produtos) devem continuar se comportando bem, principalmente com demanda da Ásia", disse o presidente executivo da empresa, Roger Agnelli, a jornalistas no escritório paulista da mineradora.
"China, Coreia e outros países. A Índia também tem muito a contribuir, assim como o Brasil. Pelo menos no curto prazo, nos próximos doze meses, se nada mudar radicalmente, teremos um cenário muito positivo... de continuar trabalhando a ritmo pleno de capacidade", acrescentou.
Agnelli salientou que projetos pesados em termos de investimento e maturação, nos quais a companhia está trabalhando há bastante tempo, estão chegando agora aos seus estágios finais e vão começar a contribuir para o faturamento.
"Nós carregamos durante esses quatro anos valor muito grande de ativos sem gerar receita. E agora esses projetos vão começar a gerar receita. O racional dos investimentos que anunciamos hoje é para elevar a capacidade de crescimento da Vale."
De acordo com o plano, 81,3 por cento do orçamento será alocado para financiar pesquisa e desenvolvimento, projetos greenfield (novos) e brownfield (expansões), contra a média de 74,4 por cento nesses itens nos últimos cinco anos.
A empresa espera que o ritmo de crescimento de produção atinja taxa anual de 16,3 por cento entre 2011 e 2015, que seria superior aos 9,8 por cento ao ano registrados entre 2003 e 2008.
A produção de minério de ferro, de longe o principal produto da empresa, poderá superar 500 milhões de toneladas por ano até 2015, de acordo com o comunicado.
Na quarta-feira, a Vale anunciou resultados financeiros recordes no terceiro trimestre.
Mas nesta quinta-feira, as ações da mineradora fecharam em queda de 1,7 por cento, a 47,90 reais. Mais cedo, chegaram a subir 2 por cento.
LOGÍSTICA
A companhia salientou que os gastos em novos projetos serão acompanhados por investimentos em ferrovias, terminais marítimos, navegação e geração de energia, como forma de elevar a competitividade das operações.
No comunicado, a mineradora falou também sobre a questão da diversificação de suas atividades.
"Ao mesmo tempo em que o minério de ferro e o níquel continuarão sendo as maiores operações, os investimentos previstos darão lugar à considerável expansão dos ativos de fertilizantes, cobre e carvão, impulsionando a consolidação de um portfólio diversificado de ativos de classe mundial, composto por bulk materials, metais base e fertilizantes."
A Vale citou no documento sobre os investimentos a questão do rápido desenvolvimento das economias emergentes, dizendo que a tendência é que continue aquecida a demanda de países como a China por uma ampla gama de commodities, incluindo minério de ferro e fertilizantes.
"Tais economias tendem a realizar grandes investimentos em habitação, infraestrutura e industrialização, os quais são intensivos no uso de minérios e metais. Ao mesmo tempo, o crescimento da renda per capita acima de certos níveis conduz à ampliação do consumo de bens duráveis, intensivos em metais, e de proteínas, cuja produção depende da aplicação de fertilizantes", diz o comunicado.
A Vale ampliou fortemente seu portfólio na área de fertilizantes nos últimos anos, especialmente após a aquisição dos ativos da Bunge no Brasil. A empresa acredita que o aumento da renda nos países em desenvolvimento levará a uma produção cada vez maior de alimentos e proteínas, refletindo em maior demanda por fertilizantes.